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Hayley Williams desabafa sobre as brigas que levaram os irmãos Farro a deixar o Paramore


RIO - O sempre ácido vocalista dos Strokes, Julian Casablancas, já disse que formar uma banda é o melhor jeito de destruir amizades. Os músicos do Paramore aprenderam isso da pior forma. O show que o estourado grupo americano faz  sábado, no Citibank Hall (R$ 160 a inteira), é uma de suas primeiras aparições desfalcado dos irmãos Josh e Zac Farro, que saíram em dezembro de 2010, acusando a cantora Hayley Williams de agir como se a banda fosse dela e dizendo que o Paramore é um produto forjado pela gravadora.

A banda nasceu no Tennessee, Sul dos EUA, em 2004, quando seus cinco integrantes tinham de 12 a 15 anos. Hoje um dos grupos de rock mais famosos dos EUA, o Paramore está há anos encarando turbulências geradas por diferenças internas e pelo término do namoro entre Hayley e o guitarrista Josh. Em 2009, já num clima péssimo, a banda lançou o terceiro disco, "Brand new eyes". O CD foi líder no ranking de vendas e sua turnê lotou estádios, mas nem isso impediu a debandada, cerca de um ano depois. Nesta entrevista, Hayley conta como está lidando com tudo isso e muito mais.

- Ainda somos o Paramore - diz a cantora de 22 anos. 




A produção do  álbum "Brand new eyes" foi muito desgastante? Como estava o clima da banda quando gravaram, em 2009?
HAYLEY WILLIAMS:  Foi tenso. Nessa época, éramos uma banda forte, mas tínhamos vivido nossa cota de conflitos internos. Estávamos num clima péssimo, sentindo que tudo tinha virado um negócio. Antes de gravar o disco, ficamos seis meses sem nos falar. Quando nos reunimos, Josh trouxe uma música, e fiz a primeira letra do CD. Foi um alívio desabafar no papel. Essa faixa, "Ignorance", nos manteve juntos na época.

E quanto ao resultado? Você acha o CD mais "dark" que os outros?
 HAYLEY: É o nosso trabalho mais profundo. Não somos mais crianças. Estávamos numa fase bem "dark", e eu me sentia excluída pelos meninos. Isso é difícil para qualquer pessoa.

Ao sair, o baterista Zac Farro disse que a banda é um produto pré-fabricado. Como acha que os fãs vão receber o grupo nesta turnê da América do Sul, com dois substitutos?
 HAYLEY: Não somos pré-fabricados. E estamos levando para o Brasil a nossa banda. Passamos por momentos turbulentos, e as pessoas ficaram sabendo. Sei que é duro para alguns fãs, porque dois membros saíram, mas as pessoas que queriam ficar no grupo estão com a gente. Estamos mais unidos do que nunca, e quando as pessoas nos virem no palco vão ver que ainda somos o Paramore.


Como vai ser gravar o próximo disco sem os irmãos? Josh era o reponsável pelas melodias...
HAYLEY:  Não sei nada sobre o próximo disco. Estou num lugar como compositora em que não sei sobre o que quero falar. Jeremy (baixista) e Taylor (guitarrista) estão ansiosos e falando sobre música o tempo todo, mas ainda não dá para dizer como vai ser.  Queremos fazer o melhor álbum que pudermos.


Você já gravou algumas músicas sozinha ou em parcerias extra-Paramore (sua voz pode ser ouvida na faixa "Airplanes", no disco do rapper B.O.B.). Quer investir nisso?

HAYLEY: Se fizer qualquer coisa sozinha agora vou incluir no Paramore. A banda sempre foi minha prioridade. Já recusei convites para fazer música de trilha sonora de filme porque estávamos no meio do furacão, e teria sido um desastre gravar algo sem o grupo.

Você às vezes para e pensa que tem só 22 anos e já gravou três discos?

HAYLEY: Quando olho para trás, vejo como tudo foi divertido, mas também é louco pensar que já temos três discos. Num dia, estávamos fazendo música numa garagem e, quatro anos depois, estávamos em lugares como a O2 Arena, em Londres, e festivais enormes pelo mundo.

Com tanto tempo de estrada, você já se considera uma veterana?
HAYLEY:  Sou experiente, mas não quero ser uma profissional. Quero continuar dizendo para meus fãs tudo o que sinto, e isso não necessariamente tem a ver com habilidades musicais. Só que não sou amadora também. Escrevi minha primeira música aos 13 anos. Mas não quero saber tudo. Quero sempre perseguir algo.

Você tinha 14 anos quando assinou  contrato com uma gravadora. Como foi crescer sob os holofotes?
HAYLEY: Eu quis isso para mim, mas a fama pode ser pesada. O pior é não controlar como a informação viaja. Gosto de ter controle sobre as coisas. Mas você diz algo numa entrevista, a pessoa entende errado e, simplesmente, dispara na internet. Não gosto de não ter controle sobre isso. Leio tudo que sai sobre o Paramore. Às vezes, fico bastante chateada.

Gosta quando a imprensa a chama de símbolo sexual? Você já ganhou até prêmio de "mulher mais sexy
HAYLEY: Toda mulher gostaria de ser vista assim, mas é louco pensar que sou um símbolo sexual. É uma quebra de padrões, porque estou longe do conceito de sexy. Sou muito branca, não me pareço com as modelos nas revistas. Acho que minha autoconfiança me deixa sexy. O som da minha banda me permite ser uma pessoa forte e poderosa durante os shows.

De onde vem tanta confiança?
HAYLEY: Gosto de ser um ímã, de fazer todos olharem para nós no palco, mesmo que não sejam fãs do Paramore. E se isso é o que chamam de sexy, ótimo. As pessoas realmente se alimentam da imagem de uma banda.

Algumas letras do Paramore falam de religião. Acha importante usar essas referências nas suas músicas?

HAYLEY:  Somos cristãos, e a religião faz parte de quem eu sou, mas não saio por aí pregando para as pessoas. Somos uma banda de rock, e não gosto da reputação de bonzinhos que tentam colar no nosso grupo.

Ouvi dizer que vocês adoram disparar armas, é verdade?
 HAYLEY:  Faz parte da cultura na cidade onde moramos.  Não gosto de caçar porque detesto atirar em animais, mas faço tiro ao alvo e, no meu melhor treino, acertei 49 alvos em 50 tentativas. Sou muito boa nisso (risos).



Fonte: MegaZine, O Globo.

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